Mesa 21 (Conto)




Era uma terça-feira fria, 19°C, noite de inverno, por volta das 20:15h. Chega ao Bebedouro Bar, bermuda skinny vermelha, combinando com seu tênis na mesma cor, camisa branca de manga longa. O garçom se aproxima.
— Boa noite!
— Boa noite! Mesa para uma pessoa, por favor. A mais escondida possível.
— Sim, senhor! — O garçom o direciona até a mesa 21, localizada ao lado esquerdo do balcão, em um recuo da parede, ele chama garçom.
— Um refrigerante de limão.
— Já trago. — O rapaz sai e retorna com o meu pedido, eu agradeço. - Fique à vontade, qualquer coisa é só me chamar.
— Obrigado! — Paulo fica refletindo tudo que me aconteceu hoje, justo hoje. O dia que era para ser especial.  O garçom ao retornar da mesa 21, ele vai até a porta recepcionar uma mulher aparentando 20 anos, num vestido listrado, preto e branco, na altura do joelho, um casaco jeans e um sapatenis branco.
— Boa noite! Tudo bem? — Com um largo sorriso no rosto.
— Boa noite! Tudo sim. Está lotado hoje, hem? — Olhando para todos os cantos do estabelecimento.
— Está sim. — Antes de ele falar mais coisa, ela interrompe.
—Será que tem alguma mesa disponível? — O garçom olha para o interior do bar e se lembra da mesa 21.
— Tenho uma ao lado do balcão, para duas pessoas, porém, tem uma pessoa. Se a senhora permitir, eu posso pedir ao senhor se ele divide a mesa com a senhora. — Ela parou e pensou um na possibilidade. Ela queria ir para casa, só que aquele bolo que recebeu a obrigava beber um pouco e então aceitou. O garçom se dirigiu até a mesa.
— Com licença! O bar está lotado e gostaria de saber se é possível o senhor dividir a mesa com aquela moça — Indicando-a com o dedo. Paulo a observa.
— Sim, sim. Pode ser. — O garçom vai até a moça e a acompanha até a mesa.
— Muito obrigado, senhor! — Retornando ao balcão.
— Boa noite! E obrigada! — Disse a mulher.
De nada! — Respondi levantando da cadeira. — Sente-se. — Ela puxa a cadeira e senta.
— Prazer, Bruna. — Estendendo a mão para cumprimentar.
— Boa noite, Paulo! Servida? — Mostrando o refrigerante.
— Não, obrigada! Prefiro algo mais forte. — Dando uma leve risada. — Você não bebe? — Estranhando a novidade.
— Não, parei faz alguns anos.
— O que te fez parar?
— Simplesmente vi que não é necessário beber para se divertir, e descobri que a diversão sem álcool é muito melhor.
— Já pensei em parar também, só que não consigo. — Olhando nos olhos de Paulo. — Curtir festas sem tomar seque um copo, não vou ter a mesma animação. — Seguindo com um sorriso.
— Será melhor, pode apostar. — Acompanhando o sorriso dela.
— Qualquer dia desse eu vou tentar. — Se vira em direção ao salão com o intuito de encontrar o garçom que lhe atendeu, levanta a mão e acena assim que o encontra, ele se aproxima. Trás uma cerveja. — O garçom anota o pedido e quando estava saindo Paulo acrescenta.
— Porque você não começa de hoje? — Coloca os braços sobre a mesa e os cruza. — Me acompanha no refrigerante. — Olhando nos olhos Bruna e com um sorriso nos lábios. Ela o encara pensativo, olha para o garçom, respira fundo, abaixa a cabeça, mexe no cabelo, colocando-o atrás da orelha. — Refrigerante ou suco?
— Bruna olha para Paulo, com a mão no queixo. — Você escolhe. Já que não quer me deixar beber. — Diz com um sorriso no rosto
— Paulo olha para o garçom. — Então trás dois refrigerantes, até porque o meu está acabando. — O garçom anota o pedido.
— Algo para comer?
— Uma porção de batatas frita com calabresa. — O garçom acrescenta o pedido e se retira. Ele se vira para ela. — Desculpa pedir por você. — Esticando o braço esquerdo e pegando na mão esquerda dela.
— Não tem problema. — Olhando para a sua mão entre a dela, recolhe, colocando sobre a perna. Um pequeno silêncio paira naquela mesa por menos de um minuto. — Então, o que te trouxe aqui?
— Eu vim me distrair e pensar na minha vida amorosa. E você, qual o motivo de estar aqui?
— Marquei com um cara em um aplicativo de relacionamento, porém ganhei um bolo. Aí na vinda para casa resolvi entrar para beber um pouco. — Paulo a encarava com uma das mãos segurando o queixo.
— Então quer dizer que você iria beber só pelo fato de ter levado um bolo?
— Era. Estou muito chateada por ele ter me feito de idiota.
— Calma! Não se precipite. Ele deve ter alguma explicação lógica para isso.
— Você acha que foi a primeira vez que isso acontece, não é? Só que já aconteceu algumas vezes. Penso até que seja meu corpo, sabe? Ser gorda nessa cidade é difícil.
— Paulo olha fixamente para Bruna e enquanto ela fala ele pensa  — Você é linda, não deveria estar passando por essa situação. São padrões que a sociedade criou para lhe controlar, porem ninguém é obrigado a segui-lo.
— Só que a maioria segue e as pessoas que estão fora desse padrão se tornam excluídos.
— Concordo, e só tenho uma coisa para dizer... Ele perdeu uma mulher linda.
— Você diz isso porque está na minha frente.
— Não é não. Você linda e confesso que tenho uma queda por mulheres assim... Gordinhas. — O garçom chega com os refrigerantes.
— Hum... Já ouvir bastante isso, mas a última pessoa que me falou que gostava de “gorda” me deu um pé na bunda.
— Você tem o corpo que eu desejo numa mulher.
Obrigada! — Um grupo musical que está se apresentando, começa a cantar.
“(...) Te filmando, eu tava quieto no meu cantoCabelo bem cortado, perfume exalandoDaquele jeito que eu sei que você gostaMas eu te dei um papo e você nem deu resposta (...)”
Ouve essa música, é muito boa. — Ela se concentra para conseguir analisar a canção.
“(...) Tudo bem um dia vai o outro vem!Você deve estar pensando em outro alguémMas se ele te merecesse não estaria aquiNão! Não! Não! (...)”
— Essa parte parece contigo.
“(...) Ou talvez você não queira se envolverMagoada, tá com medo de sofrerSe me der uma chance não vai se arrependerNão! Não! Não! Não! Não! (...)”
— Bruna olha para Paulo com a cara de quem já percebeu suas intenções.
“ (...) Tá vendo aquela lua que brilha lá no céu?Se você me pedir, eu vou buscar só pra te darSe bem que o brilho dela nem se compara ao seuDeixa eu te dar um beijo vou mostrar o tempo que perdeuQue coisa louca, eu já sabia!Enquanto eu me arrumava algo me diziaVocê vai encontrar alguém que vai mudarA sua vida inteira da noite pro dia! (...)”
— É, tem parte que parece meu momento de agora.
— Ninguém dar uma lua de presente.
— Como o povo costuma dizer... O que vale é a intenção. — Ambos dão risada. Paulo fica olhando para Bruna.
— O que foi?
— Nada, apenas lhe admirando.
— Eu feia, gorda...
— Seu espelho mente para você, porque não vejo nada disso.
— Acho que seus olhos mentem para você.
— Será? — Diz enquanto sorrir — Não, mesmo. Você não é gorda.
— Eu visto M.
— Tá vendo só, veste na media. Se eu estiver com uma mulher igual a você, estarei feliz.
— Vai achar uma mais bonita.
— E tem como?
— Óbvio.
— Se for sua beleza, seu corpo, sua idade... Um clone seu seria perfeito. — Bruna não se segura, caindo na risada.
— Só você para me fazer rir.
— Me tenha por perto que sou garantia de momentos alegres. — Abrindo um largo sorriso. Bruna corresponde o sorriso. Logo após as risadas, um silêncio reina entre eles. Ambos bebem suas bebidas, o copo de Bruna esvazia primeiro, logo em seguida ela pede outra lata de refrigerante ao garçom. A banda toca a música 1 metro e 65 do grupo Sorriso Maroto. Paulo insiste em olhar para ela.
— Você fica me olhando assim, eu fico sem graça.
— Desculpa! É que estava pensado aqui...
— O que você estava pensando?
— Já que você saiu de casa para um encontro amoroso, e eu estou sair sem algum motivo em especial... Poderíamos ficar assim você terá seu encontro, só com pessoa diferente do que você tinha marcado. Bruna dar um considerável gole no seu refrigerante, no intuito de ajudá-la a receber o convite do rapaz. Ela se mantém pensativa.
— Ela o olha, respira fundo e então responde. — Não sei se devemos, ainda estou triste pelo o que aconteceu mais cedo. — Paulo recebe a resposta como um balde de água fria.
— Pegando na mão dela — Esquece o que passou. Ele que não soube aproveitar a chance de estar com uma bela mulher feita você. — Arrastando a cadeira para mais perto dela.
— O que te faz querer ficar comigo?
— Você é linda, e não vejo o porquê não da gente ficar. — Olhando nos olhos dela, leva a mão esquerda até o rosto dela e acaricia.
— Vão se aproximando aos poucos, lentamente, olho no olho, sem uma piscada sequer, os lábios se tocam, a língua de Paulo invade a boca de Bruna, as mãos dela pousa sobre os ombros dele. Quinze segundos que pareceram minutos, se afastam, Pedro não tira os olhos dela, passa a língua nos lábios, buscando saborear o gosto que resto do beijo.
Nada melhor que um beijo, uma paquera para esquecer um pé na bunda — Bruna passa o dedo no lábio inferior na tentativa de limpar o borrado do batom vermelho.
— Vou ao sanitário, com licença! – Se levanta e segue até o banheiro. — Ele beija bem, pelo menos não perdi a noite — Entra, fica diante do espelho, retoca o batom, respira fundo e retorna à mesa. Ela senta. — Desculpa a demora.
— Tudo bem. — Abrindo um sorriso. — Você deseja permanecer aqui ou ir para um lugar mais reservado?
— Pode ser. — Pede a conta, ele paga e ambos saem e vão em direção ao carro dele, entram.
— Ele a olha. — Para onde vamos?
— Você escolhe.
Era o que eu queria ouvir. — Liga o carro, liga o som e na playlist toca Na conta da loucura – Maria Clara, e seguem. Paulo canta junto com a música.
“(...) Põe mais uma noite aí na conta da loucuraHoje o desejo é quem vai levar a culpadoCabelo bagunçado do perfume misturadoMeus olhos passeando no teu corpo todo (...)”
 No caminho ela começa a pensar. — Será que estou fazendo a coisa certa? Malmente o conheci e já estou indo com ele para onde eu nem sei. E se ele for um maníaco, um tarado...
— Paulo olha para Bruna. — Porque está calada? — Ela se assusta. — Está nervosa?
— Um pouco. — Responde em um fio de voz.
— Quer pare aqui e te leve para casa? — Se olham e ele resolve parar o carro numa pequena praça, vira para a moça.  — Eu sei que é complicado conhecer um cara hoje e ir para a casa dele ou um motel... Até porque não se sabe o que ele é ou quem ele é, portanto, vou te levar para casa já que está insegura de passar essa noite comigo. — Um pequeno silêncio reina no carro até Bruna falar.
— Vamos para sua casa, vamos aproveitar essa noite! — Inclinando a cabeça para frente e o beijando. Após o beijo vão para casa de Paulo. Ao entrar na casa dele, sentaram no sofá de dois lugares, que estava com a capa azul marinho. Bruna pede um pouco d’água, ele vai a te a cozinha e volta com uma vasilha e um copo de vidro, com detalhes de arranjos de flores. Ela bebe e ele vai guardar as coisas e retorna ao sofá, senta ao lado dela e lhe beija, as mãos de Bruna pousa sobre os ombros de Paulo e a mão direita de Paulo segura a cintura da moça enquanto a esquerda toca o rosto.  Paulo leva sua mão direita até a coxa de Bruna e começa alisar, vai subindo a mão e levando com ela a barra do vestido e em pouco tempo a peça de roupa passa pela cabeça da dona, deixando-a de calcinha e sutiã. O rapaz para o beijo e começa beijar o pescoço, causando suspiros em Bruna, e sua mão habilidosa, em um único movimento abre o fecho do porta-seios e termina de retirá-lo, revelando aquelas volumosas mamas. Sem dar espaço a moça dizer alguma coisa, ele caiu de boca, faminto, provocando gemidos de sua companheira. Ele a deitou no sofá e percorreu todo o corpo dela com a língua e as mãos e a cada parte explorada, os gemidos ganhavam mais força e foi ao ápice quando ele alcançou o meio das pernas de Bruna.
— Ai meu Deus! Você tem uma boca mágica! — Revirando os olhos.
— Paulo apenas olha para o rosto de Bruna. — Foi porque você não viu o resto.
— Vem cá, vem. — Ele levantou para beijá-la, passando a língua pela barriga até chegar aos lábios, se beija, se levantam ainda colados um ao outro indo rumo ao quarto. Paulo foi deixando sua roupa no meio do caminho, deitam na cama e novamente ele trilhou o corpo dela com mãos e boca. Na manhã seguinte Paulo, ao abrir os olhos, percebe que está sozinho na cama, levanta, procura a mulher com quem passara a noite e não a encontra, ao retornar ao quarto avista um pedaço de papel sobre a cômoda, ele pega, porém, não se recorda que aquele papel estivesse ali na noite anterior.
Desculpa sair sem me despedir sei que não fui tão educada, mas obrigada pela noite, foi perfeita, nunca tinha tido uma noite tão prazerosa, entretanto, estou decidida á não me apegar a nenhum homem, vou apenas me aproveitar deles da mesma forma que fizeram comigo. Cansei de ser apenas objeto sexual, copo descartável que não serve mais depois de ser usada e agora vou fazer a mesma coisa, deixei meu coração numa gaveta e saio apenas com o desejo. Novamente, perdão, por fazer de você mais uma vítima do meu jogo, e se você der sorte nos encontraremos novamente pelo acaso. Beijos da Bruna.




Música: Tá vendo aquela lua

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