Palácio de terra
Durante a noite de domingo para
segunda, Lázaro começa sonhar com um lugar simples, de terra batida e um sol
escaldante. Ao tentar caminhar por aquele ambiente desconhecido ele sente uma
dificuldade, percebe suas costas curvada, sente algo apertando seus braços, e
ao olhar, vê um tipo de corda enrolada neles e em sua mão tinha algum objeto
diferente, feito de palha e uma cabaça. Ao caminhar por uma espécie de aldeia,
as pessoas lhe saudava com certa reverência de acordo com que caminhava. Lázaro
acorda assustado.
— Foi só um sonho, Lázaro, foi só um
sonho. — Respirando fundo para ir se acalmando. Ele deita novamente, pensando
no pesadelo que acabara de ter, sem perceber, volta a dormir.
Agora ele se encontra sentado em uma
esteira em um grande salão, as paredes eram de palhas, semelhante a uma oca. Conforme as pessoas iam chegando, traziam consigo uma iguaria
diferente, e colocava no canto. Ao chegar todos da aldeia, iniciou o toque dos
tambores e os convidados começaram a dançar, todos em circulo e descalços,
porém, antes de entrar na roda, se dirigiam até Lázaro e o saldava como o rei
daquele lugar. Ao final da festa, jogou para cima pipoca, comida favorita do
rei, em forma de agradecimento pela festa. Após todos irem embora, foi que
Lázaro percebeu que ele era o rei e aquela simples oca era seu palácio, e que
aquelas palhas cobria seu corpo, que era manchado por feridas, para ninguém
ver. Ao amanhecer, ele começou uma pesquisa sobre seu sonho, buscando pelas
referências, iniciando pela pessoa que ele era, um homem coberto de palhas,
assim descobriu Obaluaê ou Omolú, um orixá, entidade do candomblé. Com o passar
dos dias em intensa pesquisa, ele resolve buscar terreiros para conhecer de
perto tal orixá, saber como ele se portava no ritual e como seria essa
cerimônia. Após um tempo de busca, Lázaro encontra um terreiro e vai conversar
com Mari, a matriarca do lugar, falou do sonho e que ele lhe despertou a
curiosidade de saber mais sobre a religião e da entidade com que ele sonhou, ela
lhe convidou para uma festa que será na próxima semana para conhecer melhor.
Chegado o dia esperado, ele estava ansioso para matar suas curiosidades, se
vestiu com calça e camisa branca e foi, quando chegou à festa já tinha se
iniciado, ele foi se aproximando, ficando em um dos cantos da casa (barracão),
e no momento em que um homem que estava tocando um instrumento de ferro,
parecendo agogô, diz:
– ATOTÔ.
Um arrepio tomou todo seu corpo, ele
sentiu algo gelado ir fechando dentro de si, uma sensação totalmente estranha
de tudo que já havia sentido. O mesmo homem começou uma música em uma língua
que ele não entende, porém fazia o senti emocionado com ela. Na terceira
canção, Lázaro sente como se fosse empurrado e começa cambalear para sua direita,
e novamente sente algo o empurrando e cambaleia para esquerda, e logo em
seguida percebe duas mulheres se aproximarem dele e ouve-as dizer algo, entretanto
não consegue entender o que é, ouve também um som diferente, como se fosse um chocalho
de ferro próximo a seu ouvido. De repente, é acordado em outro cômodo do
terreiro por uma das mulheres que se aproximou dele, e lhe dar um copo com
água, ele se levanta e vai novamente para dentro do barracão até o fim da
festa. Ao fim da cerimônia, Lázaro vai ao encontro de Mari para lhe perguntar o
que houve com ele durante a festa, É onde ela diz que ele incorporou o orixá
que apareceu no sonho dele e que se caso ele quisesse continuar frequentar a “casa”
dela, seria bem vindo, ele agradeceu e foi para casa. Vinte e cinco anos depois,
Lázaro se tornou o patriarca do terreiro de Mari, que faleceu há seis, e ainda
hoje ele recorda do sonho, da noite em que Obaluaê apareceu para ele, fazendo-o
ir de encontro com sua missão.
Comentários
Postar um comentário